Dia do Pai. Na impossibilidade de falar com o meu directamente, a não ser que a Vodafone cubra a zona do Além, decidi enveredar pelos métodos tradicionais.
Querido Pai,
Como estás? Perdoa-me a ausência de notícias durante alguns anos mas neste momento não sei a como anda o preço dos selos a nível inter-dimensional. Também não sei se aí onde estás existem computadores portanto excluí a opção do email. Já agora, se se der a existência de caixa de correio electrónico, avisa, assim o contacto é facilitado.
Antes de mais, e desculpa-me a importância dada a isto, mas é que eu tenho mesmo que saber. Onde raio andas? Estás no Céu? Isso existe mesmo? Fantástico!... E Deus? É real? Se sim, é porreiro? Sempre tive a impressão de que é um gajo com a mania das grandezas..Ah e tal, criei o Mundo em 6 dias e ao 7º fiquei de folga. Please.
Anyway... Como tens andado? Novidades? Isto aqui por...erm...baixo (?) anda tudo na mesma. Quer dizer, nem tudo. Algumas coisas mudaram mas são mais as que se mantêm. A mãe continua a ser a maior mãe galinha que eu conheço. Consegue ser extremamente irritante de tão protectora. Diz que é um amor incondicional. Deve ser deve. O João está porreiro da vida também. Agora anda de cabelo rapado. Acho que faz bem, ele de qualquer maneira ia ficar careca. A genética é uma cabra. A avó está mais velha, claro. Afinal de contas, já vai em quê, dez anos? Exacto, dez anos em Novembro.
Minha Nossa, como o tempo passa. Nunca me hei-de esquecer daquele dia. Foi como se tudo tivesse desabado e como se a justiça no mundo tivesse deixado de existir. Juntamente com a justiça foi-se a minha fé. Mas isso é tema para outra carta, nada disto agora interessa. Interessa sim saber de ti. Não tive tempo de te conhecer a fundo tal como conheço a mãe. Tenho tantas perguntas para te fazer, a sério que sim! Que músicas gostas? E filmes? E livros? Quer dizer, tu não tinhas muita cara de livros mas eu também não tenho cara de miúda ajuizada. E sou. Ou melhor, estou cada vez mais. Cresci. Estou na faculdade. Para o ano acabo o curso e sinto que certa parte da minha segurança vai deixar de existir. Sinto que tenho cada vez mais questões e dúvidas e incertezas, apesar das poucas certezas que quero cumprir.. e que vou cumprir!
Caso me estejas a ver, caso estejas mesmo comigo...
Eu sei que por vezes não sou a melhor filha, a melhor amiga, a melhor pessoa. Mas todos nós erramos. Tu erraste quando decidiste sair de casa naquele dia mas ninguém te culpa por isso. Vais ver Pai, onde quer que estejas, a fazer o que quer que seja, tu vais ver. Vou deixar-te orgulhoso. Desculpa se nem sempre me lembro de ti, se nem sempre te tenho na cabeça. Mas trago-te sempre aqui ♥ e isso nada nem ninguém mo vai tirar.
Vê se dizes qualquer coisa, de que maneira for.
Beijinho grande desta criatura que assegura o teu legado nesta terra,
Ana
P.S. - Feliz Dia, no matter where you are.
Querido Pai,
Como estás? Perdoa-me a ausência de notícias durante alguns anos mas neste momento não sei a como anda o preço dos selos a nível inter-dimensional. Também não sei se aí onde estás existem computadores portanto excluí a opção do email. Já agora, se se der a existência de caixa de correio electrónico, avisa, assim o contacto é facilitado.
Antes de mais, e desculpa-me a importância dada a isto, mas é que eu tenho mesmo que saber. Onde raio andas? Estás no Céu? Isso existe mesmo? Fantástico!... E Deus? É real? Se sim, é porreiro? Sempre tive a impressão de que é um gajo com a mania das grandezas..Ah e tal, criei o Mundo em 6 dias e ao 7º fiquei de folga. Please.
Anyway... Como tens andado? Novidades? Isto aqui por...erm...baixo (?) anda tudo na mesma. Quer dizer, nem tudo. Algumas coisas mudaram mas são mais as que se mantêm. A mãe continua a ser a maior mãe galinha que eu conheço. Consegue ser extremamente irritante de tão protectora. Diz que é um amor incondicional. Deve ser deve. O João está porreiro da vida também. Agora anda de cabelo rapado. Acho que faz bem, ele de qualquer maneira ia ficar careca. A genética é uma cabra. A avó está mais velha, claro. Afinal de contas, já vai em quê, dez anos? Exacto, dez anos em Novembro.
Minha Nossa, como o tempo passa. Nunca me hei-de esquecer daquele dia. Foi como se tudo tivesse desabado e como se a justiça no mundo tivesse deixado de existir. Juntamente com a justiça foi-se a minha fé. Mas isso é tema para outra carta, nada disto agora interessa. Interessa sim saber de ti. Não tive tempo de te conhecer a fundo tal como conheço a mãe. Tenho tantas perguntas para te fazer, a sério que sim! Que músicas gostas? E filmes? E livros? Quer dizer, tu não tinhas muita cara de livros mas eu também não tenho cara de miúda ajuizada. E sou. Ou melhor, estou cada vez mais. Cresci. Estou na faculdade. Para o ano acabo o curso e sinto que certa parte da minha segurança vai deixar de existir. Sinto que tenho cada vez mais questões e dúvidas e incertezas, apesar das poucas certezas que quero cumprir.. e que vou cumprir!
Caso me estejas a ver, caso estejas mesmo comigo...
Eu sei que por vezes não sou a melhor filha, a melhor amiga, a melhor pessoa. Mas todos nós erramos. Tu erraste quando decidiste sair de casa naquele dia mas ninguém te culpa por isso. Vais ver Pai, onde quer que estejas, a fazer o que quer que seja, tu vais ver. Vou deixar-te orgulhoso. Desculpa se nem sempre me lembro de ti, se nem sempre te tenho na cabeça. Mas trago-te sempre aqui ♥ e isso nada nem ninguém mo vai tirar.
Vê se dizes qualquer coisa, de que maneira for.
Beijinho grande desta criatura que assegura o teu legado nesta terra,
Ana
P.S. - Feliz Dia, no matter where you are.
4 comentários:
Uauu...
No words... only feelings
*
puseste-me a chorar. o texto está lindo Izzy.
obrigado a ambos :)
baby o texto ta de fazer chorar as pedras da calçada! *.*
fiquei emocionada. buh
*huge hug*
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