Ao que parece, anda meio mundo a ser arrasado por catástrofes naturais. Diz que são terramotos no Haiti e no Chile, diz que a Madeira virou piscina. Cooperação política e ajudas económicas são as palavras do dia em relação a estes locais. São contas de auxílio para um lado, galas de beneficência para outro, discursos muito floreados de gente que só se lembra que estes sítios existem quando aparecem nas capas dos jornais ou das revistas. São muito nobres os sentimentos que têm vindo a ser demonstrados... "Ajudem o Haiti", "A Madeira precisa de si", "Ligue para este número e dê uma nova esperança aos desalojados". Mais nobres seriam se não fossem tão hipócritas. A verdade é que cooperação e entre ajuda deveriam ser postas em prática muito antes de um desastre natural destruir o que quer que seja. É muito bonito ver que as pessoas se lembram (quase) todas umas das outras nas horas da desgraça, nas horas em que caem dos pedestais onde se encontram, nas horas em que percebem que não são fortalezas estanques que querem, podem e mandam.
Continuo na minha de que não tenho estofo para ser tão hipócrita quanto é necessário a um político. Muito menos nestas horas de aperto. Esta coisa de andar um ano inteiro a trocar galhardetes, a ver quem é o rei do pedaço para, no final, acabar tudo com um aperto de mão fingido não é para mim. Não seria tudo mais fácil se as ditas cooperação e entre ajuda viessem de trás em vez das pessoas se andarem a pavonear todo o ano para ver quem é que consegue sair por cima com a melhor resposta torta? Não, é mais bonito e sentido ver que, afinal, somos todos muito amigos na hora em que é preciso. Pois isso para mim não tem beleza nem sentimento nenhum. Quer dizer, tem. Ou melhor, consegue que eu tenha. Consegue que tenha cada vez mais dores na alma de cada vez que ligo a televisão ou que olho para os jornais. Dores na alma de cada vez que as pessoas me dizem que vou ser a próxima Primeira-Ministra. Lamento, mas não consigo. Sou demasiado humana.
Continuo na minha de que não tenho estofo para ser tão hipócrita quanto é necessário a um político. Muito menos nestas horas de aperto. Esta coisa de andar um ano inteiro a trocar galhardetes, a ver quem é o rei do pedaço para, no final, acabar tudo com um aperto de mão fingido não é para mim. Não seria tudo mais fácil se as ditas cooperação e entre ajuda viessem de trás em vez das pessoas se andarem a pavonear todo o ano para ver quem é que consegue sair por cima com a melhor resposta torta? Não, é mais bonito e sentido ver que, afinal, somos todos muito amigos na hora em que é preciso. Pois isso para mim não tem beleza nem sentimento nenhum. Quer dizer, tem. Ou melhor, consegue que eu tenha. Consegue que tenha cada vez mais dores na alma de cada vez que ligo a televisão ou que olho para os jornais. Dores na alma de cada vez que as pessoas me dizem que vou ser a próxima Primeira-Ministra. Lamento, mas não consigo. Sou demasiado humana.
5 comentários:
Não tens que te demitir da tua condição humana para seres uma boa politica... É por pensarem assim que não mudamos... Arrisca... Não precisas de mudar o Mundo... Muda o teu metro quadrado :)
O problema é que até para mudar o meu metro quadrado há meio mundo com interesses sobre as mudanças que eu faço. Meio mundo contra a mudança mas que depois me vem felicitar, a dizer que foi tudo muito bonito e que fiz muito bem. É esta hipocrisia massificada que eu solenemente não suporto e que me faz ter consciência de que não tenho estofo para ter estatuto de deputada.
entao? não fiques assim tão desesperada. Se o destino te reservar a carreira política de deputada, ou algo mais, vais ver que logo te habituas; é a natureza de todos nós...
Tu própria, também não me dás grande atenção se eu, "três meia volta" não provocar um estrago ou um desastre natural =) sao agendas minha cara! Andas disttraída com outras prioridades e eu também sei cuidar de mim sozinha.
É muita pressão no pedaço. Já sabes que há pouco espaço para as emotividades. Ninguém é hipócrita simplesmente porque lhe dá gosto; com a frieza conseguem-se calcular melhores caminhos para alcançar melhores resultados do que pode parecer à primeira vista.
*algo me diz que vais abominar o meu comentário.
"Tu própria, também não me dás grande atenção se eu, "três meia volta" não provocar um estrago ou um desastre natural =) sao agendas minha cara! Andas disttraída com outras prioridades e eu também sei cuidar de mim sozinha." - não percebi esta parte mas cheira-me que vem ai rebelião LOL
"Ninguém é hipócrita simplesmente porque lhe dá gosto; com a frieza conseguem-se calcular melhores caminhos para alcançar melhores resultados do que pode parecer à primeira vista." - mas então porque não adoptar desde logo uma postura fria, apenas com vista a trabalhar bem dentro do que se tem de fazer, do que andar depois, no meio de tanta desgraça, a fazerem-se de amigos forever? É isto é que me faz confusão. Eu não quero que as pessoas sejam todas muito amigas e que não hajam conflitos. Têm que haver conflitos, sempre os houve. A única coisa que eu gostava que houvesse era um pouco mais de coerência. Odeiem-se, matem-se através do pensamento, esfaqueiem a comida como se estivessem a esfaquear o líder do partido da oposição. Não me venham é com o diz que é X, diz que é Y para no final andarmos todos de mãos dadas. É isto que eu não consigo ser entendes? Por isso é que digo que não tenho estofo.
"Tu própria, também não me dás grande atenção se eu, "três meia volta" não provocar um estrago ou um desastre natural =) sao agendas minha cara! Andas disttraída com outras prioridades e eu também sei cuidar de mim sozinha."
É apenas uma imagem, nada demais. Está tudo bem. É o dia-a-dia normal; ha momentos em que nos ignoramos uns aos outros porque estamos atafolhados de trabalho e há momentos em que fazemos uma choradeira e todos caiem em cima de nós: que foi ?? que foi?? Agora imagina que é o haiti que se lembrou de fazer a choradeira.
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